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O saldo dos protestos de 8 de janeiro

A insatisfação com os desmandos do STF e com a presença de um ex-presidiário na Presidência da República é legítima. Mais do que isto: é um sinal de que boa parte do povo brasileiro é capaz de diferenciar o certo do errado. A longa sequência de abusos cometidos pelo Judiciário, em especial pelo ministro Alexandre de Moraes, gerou em muitos brasileiros honestos a sensação de que a Constituição e as leis já não têm valor.

Ainda assim, mesmo que a legislação tivesse perdido toda a validade, continuaria sendo ilegítimo praticar atos de violência e depredação. Como John Locke e outros autores cristãos observaram, existe uma Lei Natural em vigor mesmo quando não há Congresso ou tribunais.

Além disso, a destruição não traz qualquer avanço na defesa da liberdade. Pelo contrário: como as últimas horas deixaram claro, a depredação causada em Brasília apenas acentuou a concentração de poder e ajudou a dar uma aparência de legitimidade aos abusos do STF.

O afastamento do governador Ibaneis Rocha, eleito no primeiro turno pelo povo do Distrito Federal, é um exemplo disto: um único ministro do STF, em um ato repentino, decidiu anular, ainda que temporariamente, um ato de soberania popular.

Os brasileiros que defendem a liberdade a responsabilidade precisam ter um plano. Precisam de estratégia. É justamente isso que faltou aos manifestantes que invadiram prédios públicos, causaram depredação e se retiraram — ou foram retirados — minutos depois.

Enquanto se preparam desde já para as próximas eleições, os brasileiros indignados com a situação atual devem continuar exigindo que o Senado faça o impeachment de Alexandre de Moraes e se opondo a quaisquer medidas do governo que violem seus direitos. A vitória não virá sem persistência, abnegação, sabedoria, serenidade e prudência para não cair em armadilhas.