Este artigo pode ser considerado uma retrospectiva do ano de 2024, ou melhor, da onda cultural que se considerava hegemônica até o ano passado.
A questão cultural, que vamos destacar, foi a queda do antigo modelo de orientação social que sempre tivemos, mas que nesses últimos anos perdeu muito prestígio.
Não podemos deixar de falar do “Jornal Nacional”. Não porque esse programa televisivo estivesse sempre trazendo “True News”, para assim a sociedade caminhar com segurança moral. Não é preciso enumerar matérias duvidosas e até falsas, como a da famigerada reportagem sobre a Escola Base. Muitas outras notícias imprecisas aconteceram, mas a população não tinha alternativa para escolher no que acreditar.
Isso vai mudando com grande velocidade a partir da popularização do uso das redes sociais. Não quero chamar atenção dos conteúdos das “tias do zap”, mas sim destacar sobre o símbolo que essas personagens representam.
As Tias do Zap são a Ágora moderna. Por meio das redes sociais elas se pronunciam e opinam e conhecem, sem precisar de intermediação da autoridade cultural de um “William Bonner”.
E como o adágio popular com ares de arrogância intelectual sempre diz, conhecimento é poder.
Para o desagrado da elite cultural, as “Tias do Zap” conquistaram esse poder. Agora o conhecimento é mais amplo e totalmente descentralizado, permitindo a cada um emitir o próprio julgamento dos fatos.
Muitas vezes, o que se capta da moderna ágora pública não tem precisão, mas isso não é catastrófico. Mais tarde, a questão é esclarecida e a sociedade sai mais enriquecida.
Assim é com a própria ciência. Antes o ovo era inseguro para o coração, já hoje ele é uma fonte importante de proteína.
Se analisarmos a política no Brasil, percebemos o claro sinal dado pelos resultados das eleições.
Se fôssemos esperar uma correlação direta com o teor das matérias jornalísticas centralizadas e o desempenho dos partidos, deveríamos ter a derrota do partido do presidente Bolsonaro nas eleições municipais.
Com o mercado aberto de informações, na realidade, o PL foi o partido que mais recebeu votos dos eleitores em termos absolutos, com quase 14% de todos os votos, enquanto o partido do governo conseguiu 7,8% de votos.
Esta é uma demonstração de que as informações políticas já não precisam da chancela de algum órgão cultural oficial do Estado; ela está no universo da internet, que permite múltiplas interações. Isso cria um precioso mercado cultural. Os vários tipos de culturas e de valores sendo expostos e se digladiando no ambiente virtual promovem a “destruição criativa” do monopólio da verdade.
Agora, não é mais o editor, a apresentadora do telejornal, ou um ministro quem tem o poder de dizer o que é verdade. Como em um mercado, as informações políticas estão disponíveis a todos e o conhecimento adquirido dá poder e liberdade para qualquer um decidir no que acreditar.
Naquele período, em que essa elite acreditava ser hegemônica sobre a moral pública, uma pessoa de boa-fé que fizesse uma ponderação sobre as restrições draconianas impostas pelos governos na época da epidemia da Covid ouvia do jornalismo militante que “O choro é livre”.
O Departamento de propaganda do controle centralizado da informação não se sensibilizava se a pessoa que reclamava de ser obrigado a fechar as portas do seu comércio teria o seu meio de subsistência comprometido.
Quantas autoridades vinham a público chamar de negacionistas quem sugeria que se usasse medicamentos conhecidos para tratar os sintomas da doença?
Aqueles dois anos de terror diuturno espalhado pelos pretensos hegemônicos do conhecimento levaram muitas pessoas a romper amizades com quem dizia que se devia agir com bom-senso e não que se esperasse agravar os sintomas para ir ao médico.
Por causa da militância, o que vemos efervescer no âmago da sociedade é uma nova onda de desconfiança, que, como um tsunami, vai aniquilando a moral de todos os que tentaram com cinismo ou ideologia “civilizar” todos os Zés Ninguém ou Manés.
Passados agora quatro anos da pandemia, a ciência vem dando razão a todos aqueles que apenas pediam bom-senso.
Ainda em 2022, um estudo da Universidade Johns Hopkins, o mais prestigiado centro de pesquisa médica dos Estados Unidos, publicou um estudo, no qual afirma que as medidas de “lockdown” tiveram nenhum ou baixo impacto na redução de mortes causadas pela Covid-19. Os pesquisadores calcularam que as restrições de movimentação e do comércio reduziram em apenas 0,2% as mortes da pandemia.
Entretanto, os efeitos do lockdown nas cidades foram sentidos no campo econômico e social. Os pesquisadores constataram que o fechamento de fronteiras, como a proibição de viagens a outros países, e a limitação de encontros pessoais tenham tido mais influência nas mortes pela doença.
Mais, contrariando a falta de sensibilidade dos veículos de informação da época, os pesquisadores atribuíram que o lockdown provocou a redução da atividade econômica, aumentando o desemprego; diminuiu a escolaridade; aumentou a violência doméstica; e minou os vínculos sociais.
A pá de cal veio então com o relatório produzido pelo Congresso dos Estados Unidos sobre a política pública implantada para o enfrentamento da Covid.
O relatório diz que máscara e lockdown não funcionaram para conter o alastramento da doença. Que as pessoas não deveriam ser mantidas confinadas pelos riscos psicológicos que sofreram. Que o melhor teriam sido as pessoas se tratarem com médicos de confiança, que prescreveriam remédios seguros e conhecidos, capazes de bloquear a ação do vírus no organismo.
Quantas pessoas não teriam sido salvas se a imprensa oposicionista do governo da hora tivesse apenas uma atitude cética, em relação aos falantes da catástrofe que estava por vir. Por que a fala opinativa de uns era considerada um dogma civil e a prudência de outros era chamada de negacionismo e até de genocídio?
O resultado social extraído de todo o terror político da pandemia foi o aumento da desconfiança da população com muitas das instituições do Brasil. É o que mostram as pesquisas de opinião e o desempenho dos índices de audiência das empresas de telecomunicação.
A população mais desacredita no STF do que acredita. Nunca a confiança na Corte Suprema brasileira desceu a um nível tão baixo, segundo as pesquisas.
Grande parte da população já não sintoniza certas emissoras para não dar audiência a esses veículos de comunicação. Isso provoca uma reação em cadeia no mercado da informação.
Se diminui a audiência, os anunciantes reivindicam a repactuação dos preços pagos pelos anúncios de publicidade. Diminuindo a receita da empresa de telecomunicação, a companhia se vê obrigada a demitir muitos de seus empregados para manter-se saudável economicamente. É o que se vê atualmente.
Esse foi o resultado final não intencional da orquestração coletiva contra os governantes da época da Covid em países como o Brasil e os EUA.
No Brasil, o partido do presidente Bolsonaro teve uma surpreendente recuperação nas últimas eleições municipais, saindo de 4,8% em 2020, para liderar a votação municipal em 2024 com 13,8%, com quase 15,5 milhões de votos para prefeito.
Nos EUA, o Presidente Trump entrou no Capitólio para se tornar o 47º Presidente dos Estados Unidos como o Antigo César de Roma. Com um olhar altivo, e uma expressão circunspecta, como se pensando no mitológico Imperador Romano: Veni, Vidi, Vici, a despeito de toda orquestração midiática contra ele.
Não precisou passar muito tempo para a revisão da retórica dos vencedores de Pirro. Foram só quase quatro anos para novamente uma nova onda surgir e anunciar que a maré vai mudando.
Mesmo agora com o terror da censura e da condenação desproporcional dos baderneiros, aquelas “Tias do Zap” podem dizer para a pretensa elite, editora da verdade: ainda estamos aqui e permaneceremos!